sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Violência, mulheres e receita para um mundo melhor

Acabei de saber que a Elvira morreu. Não a conhecia pessoalmente, mas foi dos primeiros blogues que visitei e experimentei várias das suas receitas. Recentemente, li o último post que ela fez no seu blogue, onde fala da violência psicológica a que esteve sujeita durante o casamento. Imagino que tenha falecido de cancro, pelo que li aqui e ali e porque normalmente é a isso que as pessoas se referem quando falam d'"a doença".

Num dia em que está uma manifestação marcada em Lisboa para protestar contra decisões judiciais absurdas que não castigam crimes de violação como deveriam ser castigados, a violência de um modo geral e a violência contra as mulheres em particular continua a ser um tema que nos deve preocupar.

Sabendo nós hoje em dia da importância dos fatores emocionais no desencadear e na evolução de pelo menos alguns tipos de doenças oncológicas, não pude deixar de associar a violência a que a Elvira esteve sujeita ao aparecimento do seu cancro. Indiretamente, pelo menos, a violência continuada exercida por este homem sobre ela terá levado à sua morte. Isso deixou-me a pensar no que fazemos nós, a cada dia, para combater essa violência, para a diminuir, para a denunciar.

Tenho um rapaz de dois anos que cresce saudavelmente e que começa agora a falar. Em breve vai começar a fazer perguntas - perguntas mais fáceis de responder, sobre como funcionam os objetos que estão à volta dele, perguntas mais difíceis, sobre o porquê do mundo em que vivemos, e perguntas mega difíceis, sobre porque é que as pessoas se comportam de determinadas maneiras. Para mim, uma das minhas missões como mãe é ajudá-lo a ser um homem seguro de si. Isso implica muita coisa, nomeadamente não precisar de denegrir as mulheres por ter medo delas.

Como este é um blogue de receitas, deixo-vos a minha receita para um mundo melhor: educarmos os nossos filhos para conseguirem desmistificar os preconceitos que inevitavelmente temos dentro de nós, questioná-los e pensar sobre eles. Educarmos os nossos filhos para lidarem com a sua violência (que todos temos no nosso interior) de maneiras mais saudáveis, que não impliquem a destruição e a morte.

É indubitavelmente a receita mais difícil que alguma vez publiquei aqui no blogue. E é daquelas que repetimos cem vezes e mesmo assim não temos a certeza de ter acertado. Mas vale a pena a tentativa, não?



sábado, 22 de setembro de 2018

Pakoras

Estes petiscos indianos são muito apreciados cá em casa, por isso assim que dei com esta receita do Danza de Fogones, não hesitei!

Acompanhados com uma salada, fizeram um almoço delicioso neste sábado preguiçoso, em que o calor voltou em força. Parece que o início do outono trouxe mais alguns dias de verão! Eu agradeço, porque ainda não me sinto preparada para me despedir do verão!




Ingredientes:

1 cebola pequena
1/2 pimento vermelho
1 cenoura
2 batatas pequenas
2 colheres de sopa de coentros picados
1/2 malagueta vermelha
1 colher de chá de cúrcuma
1 colher de chá de cominhos
1/2 colher de chá de sal
35 g de farinha de grão
40 g de farinha de milho
25 g de farinha de arroz
1/2 chávena de água
Azeite qb


Picar finamente a cebola, a malagueta e o pimento. Ralar a cenoura e as batatas. Juntar tudo numa taça, adicionando os coentros.

Juntar as especiarias, o sal e as farinhas. Acrescentar a água e mexer bem com uma colher de pau.

Numa frigideira anti-aderente, aquecer bem o azeite. Juntar colheradas de massa, que se espalmam com uma espátula. Deixar dourar de ambos os lados.

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Bolo de abóbora e maçã

Um bolo delicioso que fez a alegria dos convivas num dia destes que tivémos amigos a almoçar cá em casa. Pensei que a abóbora e a maçã poderiam fazer uma bela associação e pus-me à procura de receitas com esses ingredientes. Encontrei esta do blogue Canela Moída, que adaptei e resultou muito bem!




Ingredientes:

200 g de farinha de espelta integral
120 g de açúcar
1 colher de chá de fermento
1/2 colher de chá de canela moída
1/2 colher de chá de gengibre em pó
1/4 colher de chá de noz moscada moída
80 ml de azeite
2 ovos
230 g de puré de abóbora (abóbora cozida e reduzida a puré)
1 colher de sopa de extrato de baunilha caseiro
3 maçãs pequenas descascadas e cortadas em cubos
Sumo de 1 limão


Regar as maçãs cortadas em cubos com o sumo de limão e o extrato de baunilha. Reservar.

Juntar a farinha, o açúcar, o fermento e as especiarias numa taça e mexer com uma colher de pau.

Noutra taça, bater os ovos com o azeite. Adicionar o puré de abóbora e mexer até ficar bem incorporado. Ir adicionando a mistura dos ingredientes secos aos poucos, batendo sempre. No final, acrescentar as maçãs e mexer com uma colher de pau.

Verter para uma forma de bolo inglês untada com azeite e levar ao forno a 180º durante 45 minutos.

sábado, 21 de abril de 2018

Pão recheado com alho francês e azeitonas

Num destes dias de chuva, tinha o miúdo em casa com uma conjuntivite e resolvi ir passear com ele para o Mercado de Arroios, onde há uma zona para crianças com uns brinquedos bem giros. Enquanto lá estávamos, reparei num senhor a fazer algo que me parecia massa de pão e aproximei-me. O senhor, que falava pouco português, disse-me que estava a fazer pão sírio.

Peguei o miúdo ao colo e fui explicando o que estava a fazer; não sei bem o que ele percebeu da minha explicação, mas a verdade é que apontava entusiasmado enquanto o pão cozia naquelas chapas arredondadas e repetia "papa". O senhor disse-me que o pão era só para o restaurante Mezze, não era para venda, mas entretanto um dos senhores que serve no restaurante resolveu oferecer-lhe um pãozinho.

Lá voltámos para casa, o miúdo com um pedaço de pão em cada mão, que ia mordiscando pelo caminho, até despachar o pão quase todo. Resolvi relembrar os bolani, que já aqui publiquei, uma receita afegã bem dentro do espírito deste pão sírio. A partir daí, pensei noutros recheios e noutras possibilidades e foi assim que surgiu este pão recheado com alho francês e azeitonas.



Ingredientes:

60 g de farinha de trigo integral
165 g de farinha de trigo branca
5 g de sal fino
1 colher de sopa mal cheia de azeite
125 ml de água tépida

Recheio

1/2 alho francês
2 colheres de sopa de coentros picados
12 azeitonas verdes
2 colheres de sopa de nata de aveia
Sal
Pimenta
Azeite


Juntar as farinhas e o sal numa taça de vidro. Abrir uma cova no meio e colocar o azeite, começando a misturar com a colher de pau.

Ir acrescentando a água aos poucos, misturando sempre. Quando o líquido tiver sido absorvido pela farinha, retirar da taça e amassar durante 10 minutos.

Voltar a colocar a massa na taça, tapar com um pano e deixar repousar 45 minutos.

Entretanto, picar o alho francês e refogar num fio de azeite.

Juntar as azeitonas picadas bem finas e os coentros. Adicionar a nata de aveia. Temperar com pimenta e com sal, se necessário.

Partir a massa em duas partes iguais. Estender uma das partes, de modo a obter um círculo da espessura de uma tortilha mexicana.

No centro do círculo, colocar metade do recheio. Espalhar em direção a um dos lados; dobrar a metade sem recheio sobre a outra, continuando a espalhar o recheio com os dedos e fechando a extremidade.

Repetir o processo para o segundo pão.

Aquecer um fundo de azeite numa frigideira anti-aderente. Dourar os pães de um lado e de outro e servir quente.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Pão de beterraba

Temos um bebé cá em casa que adora pão. Fica maluco quando vê pão e repete papa, papa, papa até lhe darmos uma fatia. Por essa razão, os meus pães que costumavam durar uma semana, às vezes até mais, agora duram uns dias. O que significa que voltei a fazer pão com muita regularidade, sobretudo o pão de batata e o de batata doce, que são grandes êxitos de bilheteira cá em casa.

Este pão de beterraba apareceu porque já há muito tempo que andava a pensar que seria uma boa receita. Usei os mesmos princípios dos pães de que falo acima e resultou muito bem. A côdea fica com uma bela cor (embora o tom rosado desapareça da miga com a cozedura) e o pão fica com um levíssimo sabor térreo que nós cá em casa achamos muito agradável. Como se vê pela foto, o bebé adorou e boicotou-me totalmente a sessão fotográfica.




Noite do primeiro dia:

50 g de isco de trigo integral
100 g de farinha de espelta branca (ou farinha de trigo branca)
100 g de água tépida


Misturar tudo numa taça de vidro. Tapar com um saco de plástico e deixar repousar 10 a 12 horas.


Manhã do segundo dia:

Mistura do dia anterior
2 beterrabas
500 g de farinha de espelta branca (ou de trigo branca)
80 g de farinha de espelta integral (ou de trigo integral)
12 g de sal fino
Azeite qb


Descascar e cozer as beterrabas em água. Quando estiverem cozidas, escorrer a água, reservando o líquido.

Triturar as beterrabas com 150 ml da água da cozedura até obter um puré. Deixar arrefecer quase completamente.

Misturar as farinhas e o sal numa outra taça e abrir uma cova no meio.

Quando o puré estiver tépido, juntá-lo à mistura do dia anterior e misturar com uma colher de pau. Verter esta mistura na cova aberta nas farinhas.

Tapar com a farinha que fica nas margens. Tapar com o saco de plástico e deixar repousar 10 minutos.

Bater na batedeira profissional com a vareta de amassar à velocidade 2 durante 7 minutos.

Forrar uma forma retangular com papel vegetal. Verter aí a massa, tapar com um pano húmido e deixar repousar 6 ou 7 horas.

Levar ao forno a 230º durante 15 minutos. Baixar para 200º e deixar cozer mais 30 minutos. Desligar o calor, deixando o pão no interior do forno a terminar de cozer mais 10 minutos.

Retirar do forno e deixar arrefecer antes de fatiar.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Muffins de alperce e maçã

Mais uns bolinhos sem açúcar que foram muito apreciados cá em casa!




Ingredientes:

8 alperces secos
1 maçã
4 colheres de sopa de azeite
100 ml de leite de arroz
65 g de flocos de aveia integrais
50 g de farinha de espelta integral
1 colher de sopa de sementes de linhaça
1 colher de chá de fermento
1/4 colher de chá de bicarbonato de sódio
1 colher de chá de vinagre de sidra


Demolhar os alperces em água a ferver durante 20 minutos. Triturar as sementes de linhaça e os flocos de aveia até obter farinha.

No liquidificador, triturar os alperces e a maçã descascada com o vinagre e o azeite. Ir acrescentando o leite de arroz até obter um creme.

Numa taça, juntar as farinhas, as sementes trituradas, o fermento e o bicarbonato. Juntar o creme e bater com uma colher de pau.

Distribuir em formas de muffin ou mini-muffin e levar ao forno a 180º até ficarem dourados (cerca de 25 minutos para os muffins e 15 minutos para a versão mini).

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018

Macarrão com molho de brócolos

Mais uma receita de massa que fez imenso sucesso cá em casa, inclusivamente junto do bebé. Já com 16 meses, tem as suas ideias bem claras acerca do que gosta e do que não gosta. Mas também como qualquer bebé, tem dias que lhe apetece umas coisas e outros que parece que odeia o mesmo alimento que comeu deliciado no dia anterior...

É um mistério que tento perceber. No entretanto, vou fazendo diferentes tipos de massa com diferentes tipos de molho, porque de um modo geral esta é uma aposta certa!




Ingredientes:

Macarrão de aveia
1 molho de brócolos
1 cebola roxa pequena
1 colher de sopa de mostarda
2 colheres de sopa de azeite
1/2 limão (raspa e sumo)
1/2 colher de chá de alho em pó
1/2 colher de chá de tomilho fresco
50 ml de nata de aveia
Sal
Salsa picada qb


Dividir os brócolos em raminhos e cortar a cebola em pedaços. Misturar com a mostarda e o azeite. Temperar com sal e pimenta e levar ao forno a 210º durante 25 minutos.

Colocar esta mistura no liquidificador, juntamente com os restantes ingredientes (menos o macarrão). Triturar.

Cozer a massa em água abundante. Acrescentar 2 a 3 conchas de sopa da água de cozedura da massa ao molho de brócolos (ir juntando até obter a textura de um creme).

Misturar a massa com o molho e salpicar com salsa picada.
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