sábado, 13 de dezembro de 2014

Queques vegan de Natal

Entre migrações e emigrações, movimentações definitivas ou temporárias, idas e vindas de um continente para o outro, o resultado é que a minha família sempre esteve espalhada pelo país e pelo mundo. Ao longo dos anos, as tradições natalícias foram mudando consoante a localização de cada um no momento.

Quando era muito pequena, lembro-me dos natais passados na Beira, com direito a neve e tudo, com a minha família paterna; mais tarde, nos anos que vivemos em Macau, juntávamo-nos a amigos e era um Natal sem família, mas na mesma com animação e afeto; quando voltámos para Portugal, passámos a juntar-nos com os tios, primo e amigos que vivem na zona de Lisboa. Entretanto, o meu primo emigrou para a Austrália, uma dessas amigas tem um marido espanhol, pelo que viajam sempre no dia 25 para Barcelona, e nasceram bebés que vieram alterar o ambiente natalício.

Ao contrário de outras famílias menos "movimentadas", que mantém as mesmas tradições ano após ano, com mais ou menos as mesmas pessoas, o mesmo sítio, as mesmas comidas, apercebo-me ao olhar para trás que a minha família vai recriando as tradições consoante as circunstâncias. Mesmo que um mesmo esquema se mantenha durante anos, não quer dizer que se vai manter assim para sempre. Há sempre um momento em que pode mudar.

As tradições são excelentes porque dão aquele sentimento de conforto e calor, a segurança de sabermos o que vai acontecer e com o que contar, a tranquilidade de não ter que tomar decisões porque já sabemos "que é assim". Mas também podem ser limitativas e sufocantes, se se transformam numa obrigação e se nos impedem de fazer as coisas de uma maneira diferente porque as circunstâncias mudaram.

Mas há coisas que nunca mudam - onde quer que estejamos, as broas de mel e o bolo preto, receitas da minha avó materna, vêm de longe, foram passadas de geração em geração e fazem sempre parte da mesa de Natal. São receitas de família, com um sabor muito especial, que cheiram e sabem a Natal e que deixam sempre toda a gente a salivar ("Já fizeram as broas?"; "Trazes as broas de mel para o jantar de Natal?"; "Vai haver aquele bolo madeirense para a sobremesa?").

E como todos os Natais, este ano vamos fazer as broas e a minha mãe vai fazer o bolo preto para a Consoada e para o dia de Natal. Mas como há sempre margem para mudança, resolvi adaptar a receita deste bolo para criar uns queques vegan, que cheiram e sabem a Natal, mas que já são uma modernização de uma receita bem antiga.

A inspiração veio-me quando a Joana do Palavras que Enchem a Barriga, em colaboração com a Vahiné e a Babel, lançou o desafio dos Queques que Enchem a Alma. O desafio era criar uma receita de queques utilizando produtos Vahiné, contando uma história alusiva ao nosso Natal.

Comecei logo a magicar a receita e fiquei mesmo contente com o resultado. Ficaram uns lindos bolinhos, dentro das forminhas natalícias e decorados com açúcar dourado, o que lhes dá um toque ainda mais festivo. Não sei o que a minha avó diria destes bolinhos, mas as tradições também são para ser quebradas!





Ingredientes:

250 g de farinha de trigo branca
80 g de açúcar mascavado escuro
1 saqueta de açúcar baunilhado Vahiné
2 colheres de sopa de sementes de linhaça
1 colher de chá bem cheia de cacau magro em pó
1 colher de chá de canela
1/2 colher de chá de noz moscada
3/4 colher de chá de cravinho moído
25 g de nozes partidas
25 g de passas
1 colher de chá de fermento
1 colher de chá de bicarbonato de sódio Vahiné
1 pitada de sal
80 ml de mel de cana
100 ml de óleo de girassol
200 ml de leite de soja
Raspa de meio limão pequeno
Açúcar dourado Vahiné qb


Triturar as sementes de linhaça no moinho de café até obter farinha. Misturar com seis colheres de sopa de água e reservar.

Numa taça grande, misturar a farinha, os açúcares, a raspa de limão, as especiarias, os frutos secos, o cacau, o sal, o fermento e o bicarbonato.

Noutra taça, bater as sementes de linhaça, o óleo, o leite de soja e o mel de cana.

Juntar a mistura líquida à seca e bater com uma colher de pau só até obter uma mistura homogénea.

Verter nas formas (rende oito a dez queques) e salpicar com o açúcar dourado. Levar ao forno a 180º durante 23 minutos.



6 comentários:

  1. Adorei o post, saber histórias de quem também já viveu fora do pais, dá sempre algum conforto. Ainda mais nesta altura do ano :)
    Sou fã do bolo da madeira, tenho família madeirense e também nunca falha na mesa :) Esses queques estão qualquer coisa de delicioso!!

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  2. As tradições desta época no que se refere a comida é o mais fácil de recriar seja qual for a companhia nestes dias especiais :) E o acto de as recriar, os cheiros, os sabores e as lembranças a elas associadas proporcionam um ror de sensações únicas, difíceis de igualar com outra tradição qualquer.
    Estes queques devem ser uma explosão de sabores a cada dentada, parecem-me uma delícia capaz de deixar avós e mães orgulhosas.
    Beijinhos

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  3. Obrigada pela tua participação :D

    Por acaso nunca tinha pensado nisso. Assumimos sempre que as tradições são coisas boas, mas por vezes podem tornar-se aborrecidas e monótonas. Ainda bem que temos sempre novas tradições para criar :D

    Gostei muito destes queques, vou experimentar :D

    Beijinhos e bom fim-de-semana :D

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  4. Eu acho que a tua avó iria adorar estes queques, pois apesar de ser uma receita de gerações, tal como as tradições se vão alterando, assim acontece também com as receitas e ela certamente ia aprovar.
    Quanto a mim, de aspecto estão aprovadíssimos, perfeito seria poder provar. :P
    Beijinho.

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  5. Gostei muito da história! É giro que vás criando novas tradições, aborrecido pelo menos não é :)
    Adorei as forminhas (e os queques também, obviamente) :)

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Obrigada pela visita e pelos comentários!

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